sexta-feira, agosto 31, 2007

Eça bem adaptado


Ok, não li o original. Contudo, pelo que estudei em literatura portuguesa sobre a obra, vejo que o roteirista e o diretor foram bem ao cerne da questão. O enredo gira em torno da traição de Luísa (Débora Falabela) com o sedutor primo Basílio (Fábio Assunção), relegando ao pobre (Reynaldo Giannechine) um belo par de chifres. Mas esse seria um enredo comum se não fosse a maquiavélica Juliana (Glória Pires), que ao achar os bilhetes apaixonados dos amantes no lixo passa a chantagiar a ponto de colocar a patroa para fazer o serviço doméstico.

Apesar das limitações óbvias de se passar Eça para as telonas, creio que a angústia psicológica se vê muito bem, nos deixando apreensivos e torcendo por um e outro, por vezes chocados. A ambição humana, a insatisfação, as convenções sócias e os valores de uma época (da nossa inclusive), são passadas de muito bem.

Creio que a personagem Juliana poderia ter tido mais destaque. Sim, porque ela, com certeza, é a estrela da história, afinal se não fosse na sua simplicidade ter a ‘maldade’ de infernizar a vida da patroa com o próprio pecado. Pecado esse que, a própria Luísa vai se perguntando se era necessário ter sido cometido, se valeu a pena (diante da indiferença do primo), se teria outro jeito a ser conduzido as chantagens.

O final, só Eça poderia nos dar “morreu pobrezinha, antes ela do que eu”.

Um comentário:

STATE HINDI NEWS disse...

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